O ME propôs ontem que o próximo concurso de docentes seja válido por três anos.
A proposta inicial era de 4 anos. Número que agora se reduz para 3. Quando é que se decidem?
O desespero de “mostrar mudança” é enorme e parece levar o ME a tomar decisões tontas e injustificadas. Pelo que sei, a intenção desta medida é possibilitar que os docentes desenvolvam todo um trabalho contínuo, com os alunos, colegas e demais comunidade educativa envolvente. Na minha opinião, a validade do consurso deveria ser variável, de acordo com o nível de ensino e com a situação específica. P. Ex. Se um professor do 1º CEB é colocado no próximo ano lectivo (2006/2007) numa escola onde será titular de uma turma do 2º ano, deverá permanecer nessa escola durante 3 anos lectivos (2006 a 2009), de forma a “levar” os alunos para o ciclo de ensino seguinte, i.e., o 2º CEB.
VSO needs you
-Quando é que este título deixa de ser ficção?-
Wednesday, December 28, 2005
Tuesday, December 27, 2005
O País real...
Ontem de manhã, precisei de ir à farmácia para comprar uns comprimidos que tomo e tomarei diariamente. A cidade, habitualmente fervilhando de gente, respirava silêncio, apesar das iluminações natalícias que piscavam o olho aos poucos transeuntes...
Apesar do reduzido movimento, na farmácia havia cerca de 6 pessoas : eu, dois homens de cerca de 50 anos, uma mãe com um filhote ao colo e duas senhoras já idosas, que se amparavam mutuamente.
Eu era a última daquele grupo. Preparei-me para esperar algum tempo, já que todos traziam na mão receitas médicas , o que não acontecia comigo.
Um dos homens, com aspecto abastado para o meio social em que nos encontrávamos, falava com o farmacêutico que o atendia, pois era visível que se conheciam . O Sr. José (como foi chamado) lá apresentou a sua receita enquanto se queixava de dois empregados que "não queriam fazer nada" e " imagine, ainda tiveram a lata de me pedir o subsídio de natal", em voz bem alta ,para que todos ouvíssemos e ia falando das casas que estava a construir à beira da praia bem como das razões que o tinham levado ao hospital. Percebi, pela conversa entre os dois, que o Sr. José era um construtor civil.
Finalmente, lá lhe entragaram os medicamentos receitados e pediram-lhe que assinasse a receita, norma estabelecida para confirmar a aquisição de medicamentos.
Qual não foi o meu espanto, quando o senhor baixou a voz e disse : "Desculpe lá, mas eu não sei assinar!" Lá veio a tinta para o senhor certificar com o dedo a sua assinatura!
Fiquei estupefacta! Este é o país que temos e estes são os patrões com que contam os nossos governantes para fazer desenvolver o país!
Com um país cheio de senhores josés, não há seguramente desenvolvimento assegurado!
Thursday, December 15, 2005
Ainda os crucifixos
Ainda os crucifixos nas escolas... um episódio
Em Junho deste ano, na sequência da programação de um curso extra-escolar sobre Associativismo e Desenvolvimento Local, estivemos numa aldeia, sede de Junta de Freguesia, a cerca de 50 km de Lisboa, para uma pequena sessão, a que chamámos de Aula Aberta , sobre as vantagens do envolvimento dos habitantes locai no desenvolvimento da sua comunidade.
Ao longo do ano, os formandos do curso e nós, formadoras, realizámos 8 aulas abertas sobre temas relacionados com o desenvolvimento local em parceria com associações de cada localidade, procurando incentivar a dinamização das populações no seu próprio futuro.
Nesta aldeia, a que chamaremos de Arriba de Cima, para que não possa ser identificada, a Associação não possuía uma sede suficientemente espaçosa para o número esperado de assistentes, pelo que a sessão ocorreu na Escola Básica do lugar.
Cerca das 21:30, a sala da escola albergava cerca de 60 pessoas, homens e mulheres de todas idades, dos cerca de 20 aos 76, interessadas e participando animadamente na discussão sobre o tema, após uma breve introdução com o apoio de algumas imagens recolhidas em acções promovidas noutros locais.
A certa altura do debate, um dos assistentes de cerca de 50 anos pediu a palavra para expressar a sua opinião – resumidamente achava que a perspectiva de desenvolvimento era válida e devia efectivamente envolver mais a população, mas sentia-se chocado por ver aquela sala de aula exactamente como estava há trinta e tal anos, quando ele próprio frequentava a escola. Aquele crucifixo não devia estar ali, porque a escola era laica e era proibido.
Confesso que nem tinha reparado no aludido crucifixo, mas nem sequer tive tempo de responder. Gerou-se uma confusão de todo o tamanho, acusando-o de estar ali para gerar problemas e que era melhor calar-se. Os ânimos estavam aquecendo e não foi fácil, muito calmamente, chamar a atenção para o tema daquela sessão, não sem antes ter aproveitado para explicar o que significava escola “laica”, que o referido senhor tinha o direito de emitir a sua opinião, o que dizia a Constituição e que, efectivamente, qualquer pai podia reclamar da presença do crucifixo.
As pessoas presentes, após alguns murmúrios entre si e algumas questões colocadas às formadoras, lá concluíram que talvez o dito senhor tivesse razão, mas ali na aldeia eram eles que decidiam!
Voltámos ao tema do desenvolvimento local, organizámos um grupo que em parceria com a turma iria dinamizar uma sessão de poesia, solicitada por um grupo de pessoas mais idosas e fomos todos para uma festa que decorria ali perto, ao som dos cavaquinhos tocados por 3 habitantes.
Já na festa, em ambiente informal, retomei o assunto do crucifixo com alguns deles e perguntei: “E se a professora tirasse o crucifixo?” “Nós havíamos de o pôr lá outra vez.”
“ Se uma mãe ou pai falasse disso?”
“Aqui ninguém se atreve, e se se atrevesse, dizíamos ao senhor padre!”
O Presidente da Junta de Freguesia perguntou-nos directamente: “O que acham as senhoras?” Eu respondi sorridente: “eu tirava-o, claro, pois não é preciso ter ali um crucifixo para se ser católico!”
“ Não sei se eu podia fazer isso aqui”, retorquiu ele também a sorrir!
Eu também não sei o que aconteceu ao crucifixo lá na escola. Mas um dia destes, hei-de lá voltar para ver!
Em Junho deste ano, na sequência da programação de um curso extra-escolar sobre Associativismo e Desenvolvimento Local, estivemos numa aldeia, sede de Junta de Freguesia, a cerca de 50 km de Lisboa, para uma pequena sessão, a que chamámos de Aula Aberta , sobre as vantagens do envolvimento dos habitantes locai no desenvolvimento da sua comunidade.
Ao longo do ano, os formandos do curso e nós, formadoras, realizámos 8 aulas abertas sobre temas relacionados com o desenvolvimento local em parceria com associações de cada localidade, procurando incentivar a dinamização das populações no seu próprio futuro.
Nesta aldeia, a que chamaremos de Arriba de Cima, para que não possa ser identificada, a Associação não possuía uma sede suficientemente espaçosa para o número esperado de assistentes, pelo que a sessão ocorreu na Escola Básica do lugar.
Cerca das 21:30, a sala da escola albergava cerca de 60 pessoas, homens e mulheres de todas idades, dos cerca de 20 aos 76, interessadas e participando animadamente na discussão sobre o tema, após uma breve introdução com o apoio de algumas imagens recolhidas em acções promovidas noutros locais.
A certa altura do debate, um dos assistentes de cerca de 50 anos pediu a palavra para expressar a sua opinião – resumidamente achava que a perspectiva de desenvolvimento era válida e devia efectivamente envolver mais a população, mas sentia-se chocado por ver aquela sala de aula exactamente como estava há trinta e tal anos, quando ele próprio frequentava a escola. Aquele crucifixo não devia estar ali, porque a escola era laica e era proibido.
Confesso que nem tinha reparado no aludido crucifixo, mas nem sequer tive tempo de responder. Gerou-se uma confusão de todo o tamanho, acusando-o de estar ali para gerar problemas e que era melhor calar-se. Os ânimos estavam aquecendo e não foi fácil, muito calmamente, chamar a atenção para o tema daquela sessão, não sem antes ter aproveitado para explicar o que significava escola “laica”, que o referido senhor tinha o direito de emitir a sua opinião, o que dizia a Constituição e que, efectivamente, qualquer pai podia reclamar da presença do crucifixo.
As pessoas presentes, após alguns murmúrios entre si e algumas questões colocadas às formadoras, lá concluíram que talvez o dito senhor tivesse razão, mas ali na aldeia eram eles que decidiam!
Voltámos ao tema do desenvolvimento local, organizámos um grupo que em parceria com a turma iria dinamizar uma sessão de poesia, solicitada por um grupo de pessoas mais idosas e fomos todos para uma festa que decorria ali perto, ao som dos cavaquinhos tocados por 3 habitantes.
Já na festa, em ambiente informal, retomei o assunto do crucifixo com alguns deles e perguntei: “E se a professora tirasse o crucifixo?” “Nós havíamos de o pôr lá outra vez.”
“ Se uma mãe ou pai falasse disso?”
“Aqui ninguém se atreve, e se se atrevesse, dizíamos ao senhor padre!”
O Presidente da Junta de Freguesia perguntou-nos directamente: “O que acham as senhoras?” Eu respondi sorridente: “eu tirava-o, claro, pois não é preciso ter ali um crucifixo para se ser católico!”
“ Não sei se eu podia fazer isso aqui”, retorquiu ele também a sorrir!
Eu também não sei o que aconteceu ao crucifixo lá na escola. Mas um dia destes, hei-de lá voltar para ver!
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