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-Quando é que este título deixa de ser ficção?-

Tuesday, December 27, 2005

O País real...

Ontem de manhã, precisei de ir à farmácia para comprar uns comprimidos que tomo e tomarei diariamente. A cidade, habitualmente fervilhando de gente, respirava silêncio, apesar das iluminações natalícias que piscavam o olho aos poucos transeuntes...
Apesar do reduzido movimento, na farmácia havia cerca de 6 pessoas : eu, dois homens de cerca de 50 anos, uma mãe com um filhote ao colo e duas senhoras já idosas, que se amparavam mutuamente.
Eu era a última daquele grupo. Preparei-me para esperar algum tempo, já que todos traziam na mão receitas médicas , o que não acontecia comigo.
Um dos homens, com aspecto abastado para o meio social em que nos encontrávamos, falava com o farmacêutico que o atendia, pois era visível que se conheciam . O Sr. José (como foi chamado) lá apresentou a sua receita enquanto se queixava de dois empregados que "não queriam fazer nada" e " imagine, ainda tiveram a lata de me pedir o subsídio de natal", em voz bem alta ,para que todos ouvíssemos e ia falando das casas que estava a construir à beira da praia bem como das razões que o tinham levado ao hospital. Percebi, pela conversa entre os dois, que o Sr. José era um construtor civil.
Finalmente, lá lhe entragaram os medicamentos receitados e pediram-lhe que assinasse a receita, norma estabelecida para confirmar a aquisição de medicamentos.
Qual não foi o meu espanto, quando o senhor baixou a voz e disse : "Desculpe lá, mas eu não sei assinar!" Lá veio a tinta para o senhor certificar com o dedo a sua assinatura!
Fiquei estupefacta! Este é o país que temos e estes são os patrões com que contam os nossos governantes para fazer desenvolver o país!
Com um país cheio de senhores josés, não há seguramente desenvolvimento assegurado!

3 comments:

Anonymous said...

Eh-lááá… essa do ‘jose’ é que nã tá com nada! Culpa tenh’eu co home se chame José!?... Eheheheheh
Felizmente, essa realidade já vai sendo uma requintada excepção. Infelizmente, empresários (e políticos) com ‘mentalidade de ‘Sr. josé’ não são propriamente uma minoria insignificante...

Quanto à seguinte observação...
“Este é o país que temos e estes são os patrões com que contam os nossos governantes para fazer desenvolver o país!”
- Muitos dos nossos governantes são ainda mais incapazes que muitos dos ‘senhores josés’… alguns, pelo menos;
- Alguns dos nossos ‘patrões’ são empresários de nível internacional (Iberomoldes, líder mundial incontestado da sua área, é só um dos poucos, mas bons exemplos).

A Barragem do Alqueva é um bom exemplo da inépcia, incompetência e falta de visão dos políticos portugueses. Apesar do projecto ter as suas origens nos anos 50, estes não tiveram tempo de perceber que a mesma iria mudar muito mais a paisagem humana e económica da região do que a dita paisagem natural. Que o tipo de culturas e demais actividades económicas dela decorrentes não se compadecia com a falta de conhecimentos e incapacidade de adaptação dos habitantes da região.
Em vez de ter sido definido e implementado atempadamente um plano de formação e de incentivos para os empresários da região, deixou-se que as empresas espanholas tomassem a dianteira e, agora, aproximadamente 70% dos benefícios financeiros da Barragem do Alqueva acabam por ir directos para Espanha.
Bem, também é verdade que os fundos vieram da Europa…

O que mais me entristece é ver que muitos dos jovens portugueses de hoje estão a ser educados para virem a ser não mais que futuros ‘Srs. josés’, e isso é que é indesculpável!...
Bem, ou talvez não! Num país que desceu ao ponto de ter um ‘Santana Flopes’ como primeiro ministro… tudo pode acontecer!
Bjs. e cont. boas festas.

kelly said...

é o triste mundo das aparÊncias em que vivemos...
quase me causa insónias pensar que muitas famílias portuguesas gastam 118% do que ganham.

Manela said...

Concordo com o que o iderox(desculpe lá, mas é mais fácil de memorizar) e a raquel disseram... Eu sei que há excepções, mas infelizmente continuamos com a maior taxa de analfabetismo da europa e a Educação de Adultos (diga-se Formação, qualificação..) continua a não ser tida em atenção...

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