VSO needs you

-Quando é que este título deixa de ser ficção?-

Friday, June 24, 2005

Serviços mínimos de cidadania

A ideia dos "serviços mínimos" é bem portuguesa. Vidas preenchidas de queixumes vazios e levianos. Quantas vezes se ouve por aí dizer que "a galinha da vizinha é melhor que a minha", sem que haja um esforço por melhorar a sua capoeira...
É sempre mais fácil culpar os outros, as instituições, os anónimos, em vez de agirmos no nosso espaço, no nosso meio. Queremos que "alguém" faça alguma coisa e reclamamos que "ninguém faz nada por mudar esta situação", mas são poucas as vezes que adoptamos uma postura interventiva, de cidadãos informados, críticos, interessados, vivos!
Hoje no Público, Paulo Trigo Pereira expressa a sua opinião sobre esta estranha greve que se tem vivido nos últimos dias e apela ao exercício da cidadania.

"Não convém subestimar a assimetria existente entre, por um lado, a pouca influência dos largos grupos latentes, sem expressão organizada, de alunos, professores que não se sentem devidamente representados, pais que não se expressam em associações e, por outro, os grupos fortemente organizados dos sindicatos, com financiamento próprio, isenção de docência, páginas na Web, apoio jurídico, pareceres, etc.
Só há duas formas de defender aqueles grupos latentes. O exercício individual e generalizado da cidadania..."

Mais adiante*, ainda no mesmo jornal (que já não se pode ler online gratuitamente), acabo por encontrar o Miguel Sousa Tavares:
"Haverá ainda, na consciência da maioria dos portugueses, a noção de que um país se constrói com o esforço, a iniciativa, o trabalho, e se necessário, o sacrifício de todos, na medida das respectivas responsabilidades? De que um país não pode depender apenas ou principalmente do Estado, do Governo, das iniciativas e dos dinheiros públicos? Que a cidadania não é só direitos adquiridos e benesses garantidas eternamente, sem relação com a produtividade, o crescimento, a competitividade, a qualidade daquilo que se faz e se produz?"

uma pessoas às vezes desespera...
*Sim, porque gosto de ler o jornal do fim para o princípio, ou do meio para o fim e daí para o princípio, ou até mesmo do princípio ao fim. Depende.

Tuesday, June 21, 2005

Professores e Serviços Mínimos....

Achei extremamente curioso o modo como foram definidos os "serviços mínimos" em educação...
E eu, que , ao longo destes anos, tenho encontrado tanta gente que se diz professor a mais não fazer que "serviços mínimos", não consigo entender a necessidade de consultar juristas para tal definição...
E, que pretende o Governo com as novas medidas relativas á reforma? Claro que os "serviços mínimos" vão proliferar por essas escolas e jardins de infância...!
Levar um manual para a aula, abrir na página x, fazer os exercícios e deixar que os próprios alunos os corrijam entre si , não necessita de grande planificação, direi mesmo de nenhuma... Esta atitude insere-se ou não nos "serviços mínimos"?

Monday, June 13, 2005

Running

and linking.

In haste!

Wednesday, June 08, 2005

inglês no 1º ciclo?

"O ensino de inglês no 1.º ciclo, uma das principais bandeiras eleitorais de José Sócrates, será facultativo.” A decisão dependerá das autarquias e dos pais. Segundo Nuno Guedes, nA Capital de hoje, “O regulamento para a generalização do inglês no 1.º ciclo propõe que este seja introduzido de uma forma «progressiva», «facultativa» e «gratuita», «envolvendo» as escolas e as autarquias que, segundo o projecto da ministra Maria de Lurdes Rodrigues, se poderão candidatar a um apoio financeiro do Estado central em parceria com as escolas.”
Apesar de o governo não se ter manifestado a respeito deste assunto, A Capital afirma saber que “o objectivo do Governo é assinar ainda este mês o protocolo com a Associação Nacional de Municípios Portugueses para a introdução do inglês nas escolas, publicando amanhã o despacho com a criação do programa de generalização do seu ensino no 1.º ciclo. As candidaturas dos municípios começariam a ser apresentadas a partir de 10 de Junho e as aulas começariam a 3 de Outubro.”
Costuma dizer-se que o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita. Espero que o provérbio não caiba aqui. A verdade é que estas novidades me suscitam algumas dúvidas e preocupações. Nomeadamente:

1. Como é que se pode começar a leccionar uma disciplina que não será avaliada? (O Portfolio Europeu das Línguas existe e pode ser uma excelente base)
2. Quem irá leccionar esta disciplina? Um professor especialista sem formação ou experiência em pedadogia/metodologias de ensino-aprendizagem no 1º ceb? Um professor do 1º ceb sem formação ou experiência em língua inglesa?
a. Sim, o ideal seria professores do 1º ceb com formação em ensino de línguas aos mais novos. Quantos existem?
3. Onde é que funcionarão as aulas de inglês? Nos halls de entrada das escolas primárias? A grande maioria das escolas deste nível de ensino que conheço tem todas as salas ocupadas, das 8h às 18h.
4. O que acontecerá a alunos de escolas do 1º ceb distintas (sendo que numa havia aulas de inglês e noutra não havia) que passem a frequentar a mesma escola do 2º ciclo? Os alunos que tiveram aulas de inglês durante dois anos voltarão a aprender “My name’s ...” “What’s your name?”
5. Já alguém falou em alterações ao programa de inglês do 2º ciclo?
6. Como serão recrutados os docentes? Será aberto um concurso de docentes – parte II daqui a dias? Será pela cara laroca que mais agradar às autarquias (ou aos autarcas)?
7. O facto de estas aulas surgirem depois das áreas curriculares, não comprometerá a integração da aprendizagem da língua na experiência global de aprendizagem dos alunos? (Claro que se podem e devem sugerir reuniões mensais entre professor titular e professor de inglês a fim de definirem estratégias)?
Mais questões surgirão, certamente, mas estou sem tempo e ainda preciso de ir ali ler melhor A Capital.
Apesar de eu já ter calculado que este seria o modo rápido-não-importa-que-seja-ineficaz-e-condene-à-partida-uma-medida-muito-interessante-e-o-que-é-preciso-é-despachar-isto de resolver o problema do recrutamento de docentes, vê-lo à beira da concretização deixa-me triste, para não entrar em pormenores e impropérios: “no recrutamento do pessoal será dada preferência «a professores do quadro das escolas do agrupamento a que respeita a candidatura sem horário lectivo atribuído ou com horário incompleto», assim como a «professores do quadro de zona pedagógica sem horário lectivo atribuído ou horário incompleto».
Com a quantidade de profissionais competentes e motivados para este trabalho que há a trabalhar neste país há mais de uma década???

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